Esperei por ti como quem espera por uma criança que insiste em subir as escadas agarrada ao corrimão, sem ajuda. Esperei por ti como quem espera por uma carta que sabe que só chega daqui a 3 dias.
Sentei-me na estação, à espera de um comboio que não sabia se ia chegar. E quando te pões nesta situação, pensas em tudo menos naquilo em que devias focar a tua atenção. Ao olhar à minha volta vi um rapaz. Bonito. Meio loiro. E comecei a pensar que às vezes há a tentação de pensar "com ele seria mais fácil". Com ele seria tudo do zero, seriam mais dois meses de fantasia - aquela do início, quando tudo é novo. Seriam mais dois meses a ouvir os pássaros cantar no parque - mesmo que chova torrencialmente e tu nem tenhas saído da cama. Há essa tentação. Ele é mais divertido. NÃO! Simplesmente ele ainda não sabe os teus defeitos. Ainda não sabe o que o chateia em ti. E apercebo-me que não prefiro isso. As relações de algum tempo, às vezes, tornam-se complicadas e cansativas, porque já sabemos algumas coisas más da outra pessoa. Porque somos forçados - quer queiramos ou não - a aprender algo novo todos os dias. Bom ou mau. Mas eu acho que prefiro isso. Prefiro já ter...
E foi ali, no café de sempre, que percebi que o amor é como uma mosca. Anda à tua volta a chatear-te. A maioria das vezes ignoras, ou fazes um gesto repentino e brusco que a afasta durante uns instantes. Ela acaba por voltar. Outras vezes tentas apanhá-la, mas quanto mais tentas, mais ela foge. E olha como ela voa para longe. Já reparaste que sempre que a apanhas, ela morre? Ou a tentas agarrar com tanta força que a matas, ou tentas guardá-la eternamente dentro de um copo e ela acaba por morrer sem ar, sem o mundo. E foi ali, no café de sempre, que percebi que se o amor é uma mosca, vou continuar a sentar-me na mesma mesa, de costas para aquela caixa que mata as moscas, porque para matar o amor já temos muitos aparelhos.
[ https://www.youtube.com/watch?v=O0AWl97sHho ] Já escrevi muitas histórias. Vício de miúda ou defeito de formação. Mas tu és a melhor história que escrevo. No presente, claro. Aprendi contigo a não rever as vírgulas mal colocadas lá para trás e é verdade que ainda vais tendo de me ajudar a perceber que a minha construção frásica não é, por vezes, a melhor. Mas admite: é comigo que aprendes a conjugar alguns verbos no futuro. Eu obrigo-te ou tu vais-te deixando ir, na esperança que eu me esqueça do que planeei daí a umas páginas. Tenho por aqui páginas de aventuras distantes e de distâncias que se tornaram em aventuras; histórias incompletas por culpa de um copo descuidado. Há romance, drama, comédia, aventura e até musical. Não há crime. Por enquanto. É verdade que às vezes fico até cansada da mão, quando a caneta é pesada e os calos começam a dar de si. Mas uso sempre caneta. Umas vezes a cor mais trémula, outras com tanta agressividade que quase rasgo a página. ...
[gosto]
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