Esperei por ti como quem espera por uma criança que insiste em subir as escadas agarrada ao corrimão, sem ajuda. Esperei por ti como quem espera por uma carta que sabe que só chega daqui a 3 dias.
[ https://www.youtube.com/watch?v=O0AWl97sHho ] Já escrevi muitas histórias. Vício de miúda ou defeito de formação. Mas tu és a melhor história que escrevo. No presente, claro. Aprendi contigo a não rever as vírgulas mal colocadas lá para trás e é verdade que ainda vais tendo de me ajudar a perceber que a minha construção frásica não é, por vezes, a melhor. Mas admite: é comigo que aprendes a conjugar alguns verbos no futuro. Eu obrigo-te ou tu vais-te deixando ir, na esperança que eu me esqueça do que planeei daí a umas páginas. Tenho por aqui páginas de aventuras distantes e de distâncias que se tornaram em aventuras; histórias incompletas por culpa de um copo descuidado. Há romance, drama, comédia, aventura e até musical. Não há crime. Por enquanto. É verdade que às vezes fico até cansada da mão, quando a caneta é pesada e os calos começam a dar de si. Mas uso sempre caneta. Umas vezes a cor mais trémula, outras com tanta agressividade que quase rasgo a página. ...
Cheguei a casa e no momento em que pus a chave na porta percebi que não sou a mesma. Desde o momento em que fechei esta mesma porta umas horas antes, tudo mudou. Tudo é, talvez, um pouco exagerado. Mas alguma coisa em mim mudou. Sentei-me e tentei fazer uma lista do que tinha mudado - sabes como gosto de listas, listas de compras, de tarefas… Ainda sem pensar bem, a minha mão escreveu: - Gosto de ti. E isto não é algo que tenha mudado. Mas é algo que se mantém. E até nas mudanças, a continuidade é importante. E a lista continuou. Percebi que pela primeira vez em algum tempo voltei a sentir-me de alguém. Não no sentido sufocante de falta de liberdade, de pertença. Mas no sentido de ter alguém que toma conta de mim, alguém que num grupo de pessoas olha para mim e sorri. Alguém me que faz sentir mais eu no meio de uma multidão. ...
E o que mais me custa, no meio de tudo isto, é não saber se algum dia voltarei a sentir isto por outra pessoa. Não só custa. Assusta. O friozinho na barriga, a preocupação constante. E até a incapacidade de adormecer sem antes saber que o carro está estacionado e a cabeça está na almofada. É o não saber se vou conseguir voltar a largar tudo para estar com alguém, ou se existirá alguém capaz de me fazer não pensar. Acho que vamos concordar que vou ser sempre, para sempre, um bocadinho apaixonada por ele. Dirão outros que não haverá problema desde que isso não nos impeça de viver e continuar com as nossas vidas. Essa é a fase seguinte. Perceber que não há problema em largar um bocadinho a mão tão apertada, e que se ao largá-la, escorregar uns centímetros, também sobreviverei na mesma. É isso. Um dia vou perceber que não tem mal não voltar a sentir isto por outra pessoa. 'Isto' ficou reservado para esta pessoa. Outra pessoa terá direito a outra qualquer palavra. Amor ...
[gosto]
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