quando um e um não são dois

Hoje sinto-me só. Sozinha já é o meu novo normal. Mas sinto-me só.Será possível sentir-me a viver um sonho, sentir que devia estar radiante, que estou finalmente a fazer-me à vida, de malas e bagagens. E sonhos e acordares cedo? E será possível que esta visão de futuro, de realização de sonhos me pareça incompleta e com ela me faça sentir toda eu uma ínfima parte do que já fui?

Falta a mão, a companhia, o segundo prato na mesa, o segundo copo de coca-cola, a mensagem de bom dia, a companhia para o comboio.

Não devia funcionar assim. Não era suposto. Sempre soube os supostos e pressupostos e as consequências. E não era assim. Viver um sonho novo era suposto fazer esquecer o antigo, ou pelo menos torná-lo menos presente. Não acentuar a ausência do anterior, porque o sonho era o primeiro e o segundo, quando um e um são dois e as contas são perfeitas como a física que faz o mundo girar direitinho. E um mundo a girar direitinho era o sonho. O sonho era dois - não um primeiro mais um depois. Assim é um e um e o resultado não é dois.

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