Uma cama do nosso tamanho.
Se partires de manhã, dá-me apenas um beijo na testa. Não me acordes. Nunca gostei das tuas costas, muito menos vou querer vê-las uma ultima vez. Um beijo na testa chega para eu perceber que não vais voltar.
E foi o melhor beijo que me deste. Um beijo de despedida. Na testa. E eu acordei. E fiquei a pensar quem te acordaria no dia seguinte. Quem te abraçaria na manhã seguinte. Acordei umas horas depois e decidi que ia levantar-me. Que ia ser de ferro e ia ser a mão, o pé, a cabeça, mas nunca o coração. Não hoje. Hoje não quero ser o coração.
Dei-te um nome, um dia. Só eu o sei. É ele que te vai abraçar amanhã. Eu não. Eu já não sou o coração.
E voltas do nada, como se tivesse sido um sonho, como se nenhuma palavra tivesse voado, nem nenhuma lágrima tivesse teimado em cair. O que eu faço? Arrasto-me para o lado. Estive a aquecer o teu lado da cama.
E penso que da próxima vez que me deres um beijo na testa, vou comprar uma cama mais pequena.
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