No dia em que fores feliz, chama-me. Grita por mim, se for preciso, porque terei todo o prazer em ver um Tu que não conheço. Melhor, no dia em que aprenderes a ser tu, chama-me que eu ensino-te a ser feliz.
Sentei-me na estação, à espera de um comboio que não sabia se ia chegar. E quando te pões nesta situação, pensas em tudo menos naquilo em que devias focar a tua atenção. Ao olhar à minha volta vi um rapaz. Bonito. Meio loiro. E comecei a pensar que às vezes há a tentação de pensar "com ele seria mais fácil". Com ele seria tudo do zero, seriam mais dois meses de fantasia - aquela do início, quando tudo é novo. Seriam mais dois meses a ouvir os pássaros cantar no parque - mesmo que chova torrencialmente e tu nem tenhas saído da cama. Há essa tentação. Ele é mais divertido. NÃO! Simplesmente ele ainda não sabe os teus defeitos. Ainda não sabe o que o chateia em ti. E apercebo-me que não prefiro isso. As relações de algum tempo, às vezes, tornam-se complicadas e cansativas, porque já sabemos algumas coisas más da outra pessoa. Porque somos forçados - quer queiramos ou não - a aprender algo novo todos os dias. Bom ou mau. Mas eu acho que prefiro isso. Prefiro já ter...
E foi ali, no café de sempre, que percebi que o amor é como uma mosca. Anda à tua volta a chatear-te. A maioria das vezes ignoras, ou fazes um gesto repentino e brusco que a afasta durante uns instantes. Ela acaba por voltar. Outras vezes tentas apanhá-la, mas quanto mais tentas, mais ela foge. E olha como ela voa para longe. Já reparaste que sempre que a apanhas, ela morre? Ou a tentas agarrar com tanta força que a matas, ou tentas guardá-la eternamente dentro de um copo e ela acaba por morrer sem ar, sem o mundo. E foi ali, no café de sempre, que percebi que se o amor é uma mosca, vou continuar a sentar-me na mesma mesa, de costas para aquela caixa que mata as moscas, porque para matar o amor já temos muitos aparelhos.
[ https://www.youtube.com/watch?v=O0AWl97sHho ] Já escrevi muitas histórias. Vício de miúda ou defeito de formação. Mas tu és a melhor história que escrevo. No presente, claro. Aprendi contigo a não rever as vírgulas mal colocadas lá para trás e é verdade que ainda vais tendo de me ajudar a perceber que a minha construção frásica não é, por vezes, a melhor. Mas admite: é comigo que aprendes a conjugar alguns verbos no futuro. Eu obrigo-te ou tu vais-te deixando ir, na esperança que eu me esqueça do que planeei daí a umas páginas. Tenho por aqui páginas de aventuras distantes e de distâncias que se tornaram em aventuras; histórias incompletas por culpa de um copo descuidado. Há romance, drama, comédia, aventura e até musical. Não há crime. Por enquanto. É verdade que às vezes fico até cansada da mão, quando a caneta é pesada e os calos começam a dar de si. Mas uso sempre caneta. Umas vezes a cor mais trémula, outras com tanta agressividade que quase rasgo a página. ...
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