Ave.

Senta-te ao meu lado. Põe o teu braço à minha volta e protege-me. Espera que eu consiga respirar e dá-me espaço para isso. Quero-te ao meu lado, mas não consigo ter-te aqui. Já te sentiste como se estivesses a sufocar, mas quisesses estar nesse sufoco? Quero-te aqui. Fazes-me sentir melhor pessoa, especial, única, até. Quero-te aqui, repito. Mas dá-me espaço. Deixa-me respirar. Se pedir para me largares, para me deixares voar sozinha por uns momentos, não fiques triste. Sou eu. Uma ave selvagem. Podes manter-me em cativeiro, mas só por alguns momentos.
Mas pensa. Pensa, mas não me largues. Abraça-me mais que só assim não chega. Pensa que és um sortudo. Pensa que tens esses minutinhos, esses pequenos momentos para me teres para ti, inteira, sem armas, sem muralhas. Só eu. Só ave.
Mas quando for selvagem, quando tiver de ser selvagem para sobreviver, deixa-me. Não me prendas. Não queiras ser o meu dono. Não queiras porque não deixo. Não sofras, eu sou assim. Leve e suave uns dias; dura e forte noutros. Magoo-te hoje, cuido das feridas amanhã. Mas espera por mim. Por favor, espera por mim. Não me deixes assim, sem conhecer tudo o que tens para me dar.
Por isso, senta-te ao meu lado. Põe o teu braço à minha volta e protege-me.

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