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A mostrar mensagens de abril, 2012

enquanto isso, o alpendre faz-me companhia...

E ali estava ela, sentada no alpe ndre, à espera dele. O sol começara a descer e já havia uma pequena brisa que a incomodava. Mas ela não desistia. Queria vê-lo chegar, sentir o seu coração tremer assim que visse a sua sombra ou ouvisse os seus passos. O sol pôs-se e ela não mexia um músculo com medo que o barulho do seu corpo a impedisse de o ouvir chegar. A lua já beijava as estrelas e ele ainda não tinha chegado. Interrompendo o seu romance, falou com elas a noite toda. O sol voltou de novo e ela, que tinha resistido à gélida noite, ainda estava no mesmo sítio, à espera de uma promessa antiga: no primeiro dia do mês quente venho para te beijar. Quando o sol já estava a olhá-la de cima, levantou-se e foi para dentro. O sol chorou, as flores adormeceram e a água calou-se porque tinha morrido mais um amor. Ela voltou pouco depois com um casaco e sentou-se no mesmo sítio.

um passo ao lado, um amor perdido.

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E passamos dias, e horas, a percorrer uma cidade tão nossa como deles. E passamos horas e dias a fingir algo que não somos. E beijas-me e sorris para mim. E vicias os meus lábios e os meus olhos. E quando já estão totalmente viciados, quando já não conseguem percorrer uma cidade sem te verem ou sem te tocarem, dás um passo, e este não é em direcção a mim, que neste momento já ganhei lance na descida e já corro para ti. E dás um passo para longe.   Alguém me apanha, do chão ou lá ao fundo, onde finalmente consegui parar. E tu continuas a sorrir para mim e a chamar-me. E volto a correr para ti. E voltas a dar um passo. E penso que um dia me vou cansar e vou dizer-te que espero por ti aqui, mas que não corro mais. Que um dia me vou cansar e vou dizer-te "Corre tu até aqui", porque a distância que nos separa é a mesma e as tuas sapatilhas não estão tão gastas como as minhas.         E penso em tudo isto enquanto corro para ti outra vez. E sei que vou pensar sempre isto