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A mostrar mensagens de março, 2014

Era

Ele era meu. O olhar dele era meu. Se a sala estivesse cheia de gente, mesmo que fosse a situação mais solene de toda a nossa vida, o olhar dele desviava-se para mim. E o sorriso que não conseguia evitar denunciava-nos. Ele era meu. E eu era inevitável e indubitavelmente dele. E aquele sorriso - ai aquele sorriso - era difícil de se mostrar. Menos comigo, dizia. Um pequeno piscar de olhos, um semi sorriso e toda a sala sabia que tinha deixado de existir. Fosse a situação mais frívola do mundo ou a mais solene. Quando os nossos olhares se encontravam não havia volta. Era um mundo novo. E quem estava ficava feliz por ter assistido a tal fenómeno. Eramos nós. Um nós tão nosso e tão de todos que raramente nos tocávamos sequer quando em público. Mas todos sabiam que eu trazia comigo um bocado daquele sorriso. E no momento em que eu entrava pela porta, ele olhava-me como se me olhasse pela primeira vez de novo. Como se, mesmo totalmente despenteada, eu fosse a mulher mais bonita

Fora do sítio pode ser arrumado

Não percebo porque é que tantos temem um 'gosto de ti' fora do sítio. Adiantado ou atrasado, um gosto de ti é um gosto de ti. É uma aprovação da tua pessoa. - Parabéns, trabalhaste o suficiente para te moldares e transformares em alguém agradável ao coração. Eu gosto de horas. De saber a quantas ando. Mas no que a gostos de ti diz respeito, acho que nunca acerto. E não acho que venha mal ao mundo por isso. No final de contas prefiro ficar com uma conta gigante de gostos de ti fora do sítio do que não ter nenhum.

Perspetivas de futuro

E o que mais me custa, no meio de tudo isto, é não saber se algum dia voltarei a sentir isto por outra pessoa. Não só custa. Assusta. O friozinho na barriga, a preocupação constante. E até a incapacidade de adormecer sem antes saber que o carro está estacionado e a cabeça está na almofada. É o não saber se vou conseguir voltar a largar tudo para estar com alguém, ou se existirá alguém capaz de me fazer não pensar. Acho que vamos concordar que vou ser sempre, para sempre, um bocadinho apaixonada por ele. Dirão outros que não haverá problema desde que isso não nos impeça de viver e continuar com as nossas vidas. Essa é a fase seguinte. Perceber que não há problema em largar um bocadinho a mão tão apertada, e que se ao largá-la, escorregar uns centímetros, também sobreviverei na mesma. É isso. Um dia vou perceber que não tem mal não voltar a sentir isto por outra pessoa. 'Isto' ficou reservado para esta pessoa. Outra pessoa terá direito a outra qualquer palavra. Amor