Sem toalha, sem frio.
Uma conversa sobre o meu medo do mar. Meios a cambalear na areia. Estávamos sozinhos, afastados dos restantes, que durante uns minutos não foram mais do que música de fundo. Não sei quem empurrou primeiro, mas caímos na areia e rimo-nos como dois adolescentes. Como se eu não tivesse acabado de refazer o meu coração e como se tu não tivesses o teu nas mãos. Tinha areia no cabelo e tu lançavas palavras que eu não percebia. E foi tudo ao contrário: pés para cima, cabeça para baixo, não tínhamos toalha e não tínhamos frio. Era de noite e a pouca luz só dava para ver os sorrisos. As gargalhadas ouviam-se a metros. Escrevi todos os pormenores numa folha porque sabia que não te ias lembrar. Podíamos lá voltar hoje. Eu saberia o sítio exato onde decidiste provar-me que eras capaz. Foi há um ano e já me fizeste nadar no mar.